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Crônica #1: Todo choro vale a pena

Writer: universocotidiano1universocotidiano1


Era um sábado de Maio, agradável e requisitado. Era um sábado que toda noiva queria casar. Essa foi a minha impressão quando cheguei à Catedral de Sant’Anna, a Igreja Matriz de Mogi das Cruzes. Nesse sábado, seis casais estavam agendados para cada um deles ter uma cerimônia de cerca de trinta minutos. Os convidados teriam que desocupar os assentos imediatamente após o término dos votos para que os próximos entrassem. Esse plano, um pouco caótico, teria que acontecer também em meia hora. O plano parecia ambicioso.

Minha irmã e eu fomos convidadas para o casamento da Priscila que aconteceria às oito da noite. Era a primeira vez que atenderíamos a um casamento nesse formato. Não sabíamos que era comum o atraso das cerimônias. Chegamos meia hora antes e alguns convidados já estavam esperando confortavelmente em seus lugares.

Entramos, escolhemos um lugar nas últimas fileiras. Logo, a cerimônia começou. Nem vimos por onde o casal entrou, notamos que já estavam no altar. Não conseguíamos enxergá-los muito bem. Por conta do barulho de crianças e conversas paralelas entre os adultos, era impossível ouvir o que o padre dizia. Apenas, choramos de emoção por ver Priscila toda de branco, feliz. O noivo parecia um pouco estranho, não conseguia ficar ereto. Parecia estar a ponto de desmaiar, chegando a colocar o braço ao redor do pescoço da noiva, que irritada, o empurrava. Não dava pra ver direito, mas parecia que ele iria cair a qualquer momento. Por fim, casaram. Choramos novamente. Os noivos deram as mãos e lentamente caminharam em direção à porta da igreja. O noivo continuava cambaleando, jogando seu peso no ombro da noiva. Quase saindo da igreja, perto da nossa fileira, a noiva nos pareceu diferente. Em nada lembrava Priscila. O noivo se mostrava evidentemente alterado, com sono ou bêbado, nunca vamos saber. Estávamos assistindo o casamento errado, chorando durante a cerimônia de noivos que nunca conhecemos. Foi bom saber que além de rir da gafe, podemos chorar e nos emocionar em recepções de estranhos.


Photo: "Casamento", by Carol Sue Meech





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